Plantas alimentícias da Terra Indígena Kaxinawá de Nova Olinda, Acre, Brasil
Palavras-chave:
etnobotânica, amazônia, agrobiodiversidade, PANC’sResumo
A grande diversidade de plantas atualmente conhecidas e utilizadas pelo homem é resultante
da co evolução ocorrida durante milênios entre as populações nativas e as diferentes
formas com que estas a utilizaram. Este estudo tem como objetivo principal proporcionar a
valorização e a preservação desse conhecimento sobre as plantas alimentícias que foram, ao
longo do tempo, acumuladas, selecionadas e utilizadas por inúmeras gerações indígenas. A
pesquisa foi realizada na TI Kaxinawá de Nova Olinda (TIKNO), situada no Bioma Amazônico,
município de Feijó, Acre, Brasil. Destaca-se a importância do presente estudo para a agroecologia,
visto que as práticas de manejo e plantas alimentícias cultivadas e não cultivadas por
essa comunidade representam um patrimônio dessas populações, e podem fornecer subsídio
para inúmeras pesquisas e trabalhos na região amazônica e no Brasil. A pesquisa foi realizada
no ano de 2016, sendo o estudo sobre as plantas cultivadas feito através de entrevistas
semiestruturadas e visitas in loco nas áreas produtivas, e o estudo de plantas alimentícias não
convencionais (PANC’s) através de listagem livre e turnê guiada com diferentes representantes
indígenas. Até o presente momento foram identificadas 29 culturas agrícolas distribuidas
em 21 famílias botânicas, representadas por 111 variedades. Também foram identificadas 44
espécies de PANC’s, distribuídas em 36 gêneros pertencentes a 20 famílias botânicas, com
destaque às famílias Arecaceae, Malvaceae e Moraceae, que representam 47% das espécies
encontradas. A elevada diversidade de plantas alimenticias observadas na TIKNO mostra a
riqueza genética e cultural deste povo, e contribuem para a segurança alimentar da comunidade,
garantindo a preservação cultural do conhecimento associado.