Uso da manipueira de mandioca (Manihot esculenta) como biofertilizante e bioinseticida na cultura da alface (Lactuca sativa)
Palavras-chave:
Agroecologia, Extensão Rural, Irrigação, ResíduosResumo
O Pará é o maior produtor de farinha de mandioca do Brasil, porém, a cultura da mandioca
no estado ainda permanece com pouca tecnologia agregada, tanto nos tratos culturais, irrigação
por exemplo, quanto no tratamento dos resíduos e efluentes gerados. A manipueira é
o resíduo gerado na produção de farinha, altamente tóxico para o solo, para plantas e para
a microbiota, esta, de alta importância para as relações ecológicas do meio. A produção de
farinha de mandioca gera grande quantidade de manipueira para cada tonelada de raiz processada.
O tratamento da manipueira, feito de forma correta através de tratamento aeróbico
e/ou anaeróbico, elimina a toxidez do efluente, além de tornar possível o seu uso em projetos
de irrigação, possibilitando que o ciclo da cadeia produtiva da farinha de mandioca se torne,
gradativamente, ecologicamente correto. Recomenda-se tratamento prévio da manipueira,
através da fermentação mais completa possível da mesma, antes de sua adição ao solo,
particularmente para reduzir sua carga orgânica, evitando, desta forma, que a fermentação
ocorra na rizosfera, acidente que muitas vezes ocasiona a morte das plantas. Em Santarém
– PA o plantio e fabricação de farinha é intensa, destacando a comunidade de Boa Esperança,
localizada no Km 43 da Rodovia Curuá-Una (PA-370). O objetivo deste trabalho foi a
caracterização do efluente gerado (manipueira) e sua aplicabilidade como Fonte de água de
irrigação na horticultura, com intuito de levar aos proprietários de casa de farinha e aos produtores
de hortaliças a reutilização deste resíduo no âmbito agroecológico, uma vez que com a
utilização de um resíduo orgânico natural, ocorrerá a diminuição acentuada de fertilizantes e
inseticidas químicos na comunidade. Para a obtenção de Resultados amostrais, foi montado
um experimento nas dependências da Universidade Federal do Oeste do Pará – UFOPA. Foi
utilizada a cultura de alface (Lactuca sativa), em que 50% de experimento foi irrigado diariamente
com manipueira, e outros 50% irrigados apenas com água, afim de comprovação da
sua ação como biofertilizante e bioinseticida natural. Ao final do experimento constatou-se
efeito benéfico no tratamento na cultura, onde plantas irrigadas com manipueira mostraram-se
com maior vigor e mais bem nutridas, como também, sem aparição de insetos praga, quando
comparadas com as plantas que foram irrigadas apenas com água. O potencial deste extrato
demonstra em experimento e o coloca como uma alternativa à sua utilização e reaproveitamento
pelos agricultores da comunidade, objetivando a não utilização de produtos químicos
como fertilizantes e inseticidas, tendo como base o consumo de produtos orgânicos e enfatizando
a importância da agroecologia.