Extrativismo sustentável no Cerrado: utilizando manejo de base ecológica e serviços ecossistêmicos na conservação, geração de renda e identidade cultural

Resumo

A Lei nº 12.651/2012 prevê a Reserva Legal (RL) como “área localizada no interior de uma propriedade rural, que tem como função promover o uso econômico de maneira sustentável dos recursos naturais nessas propriedades e promover a conservação da biodiversidade”. Portanto, a prática de extrativismo sustentável nas reservas legais dos assentamentos e comunidades tradicionais é instrumento compatível e importante na luta da Agroecologia pela preservação ambiental e na legitimação da soberania e identidade cultural da comunidade com o território, prevendo uso sustentável ao atribuir valor econômico à floresta “em pé”, indo contra a lógica depreciativa da substituição das poucas paisagens naturais que ainda restam por outros tipos de uso, assim apresentando alternativa agroecológica para a geração de renda das famílias. Neste estudo, buscou-se identificar o potencial extrativista do produtor e da área através de metodologias do Diagnóstico Rural Participativo (DRP) e da Análise Fitossociológica da Reserva Legal, respectivamente. A análise estrutural, florística e de biodiversidade da área tem como base de dados o Inventário Florestal da área e visa: i) a identificação de espécies arbóreas com valor econômico agregado; ii) fornecer ferramentas para a elaboração de um Plano de Manejo Extrativista Sustentável; iii) o planejamento de um manejo florestal sustentável, com a proposição de técnicas como o plantio de enriquecimento, inserindo espécies frutíferas que possam ser beneficiadas, para compor os produtos oferecidos ao consumidor final. A área apresenta níveis de riqueza e biodiversidade positivos, representados pelo índice de Shannon de 2,66. Observou-se a presença de espécies frutíferas passíveis de extrativismo na área e através do DRP identificou-se as espécies frutíferas que gerasse interesse de comercialização pela da família envolvida.