Pedagogia do terreiro e suas interfaces com a Agroecologia
Palavras-chave:
Pedagogia do Terreiro, Candomblé, BahiaResumo
Aqui há a necessidade de escrever na primeira pessoa, como uma posição política, local de fala através do qual nos manifestamos enquanto sujeitos pensantes e dotados da capacidade de construção e sistematização do conhecimento. Partimos da necessidade de protagonizar as decisões sobre os rumos de nossas vidas, de maneira insubmissa aos ideais que desde o escravismo vinculam ideologicamente a população indígena e afrodescendente à inércia e a outros aspectos de inferioridade.
Este trabalho é um exercício de poder e de uma autoria coletiva sobre as questões do conhecimento. O presente relato de experiência aborda as práticas pedagógicas desenvolvidas no terreiro Caxuté o Kunzo Nkisi Caxuté Kitembo Marvila Senzala do Dende espaço religioso dedicado aos ancestrais bantu de Nação Angola e aos caboclos, a partir da concepção da agroecologia e etnoecologia.
Buscamos compreender como este espaço geopolítico sagrado se relaciona através de processos educativos emancipatórios, levando em consideração a diversidade de comunidades tradicionais que o compõem, a partir de um contexto histórico marcado pela colonização europeia e resistências afro indígenas. Esta reflexão é importante para levantarmos elementos que apontem sobre ações concebidas por comunidades de terreiro para, desta forma, posteriormente aprofundarmos a interpretação sobre o racismo institucional e o processo de invisibilização destas comunidades diante das políticas públicas.
A base do diálogo exposta em síntese neste relato de experiência é, portanto, a vivência no Terreiro Caxuté que é oriunda da tradição desenvolvida a partir de Mãe Mira (Almira Conceição Santos), Mam´etu Kwa Nkisi do Terreiro Diandele Dandalunda, ambos situados no município de Valença, no território denominado de Baixo Sul da Bahia.