Potencialidades e limitações para a adoção de práticas agroecológicas: estudo de caso no Assentamento São José da Boa Morte - Cachoeiras de Macacu-RJ

Autores

  • Edmilson Ribeiro Gomes EMATER-RIO
  • Mariella Uzêda EMBRAPA

Palavras-chave:

Comercialização, Práticas Agroecológicas, Diversificação

Resumo

Baseado no pressuposto que o mercado tem grande impacto sobre os princípios agroecológicos conhecidos pelos agricultores, foi realizado estudo para avaliação das potencialidades e limitações para a adoção de práticas agroecológicas junto a dez agricultores no Assentamento São José da Boa Morte, no município de Cachoeiras de Macacu-RJ. A coleta de dados foi realizada a partir de entrevistas do tipo semi-estruturada, levantando aspectos referentes às dimensões social, agroecológica/ambiental e econômica. Os agricultores têm idade superior a 40 anos e, em seis unidades de produção, pelo menos um filho atua nas atividades agrícolas, principalmente como meeiro. Todos os agricultores entrevistados participam ou participaram de formas organizativas no assentamento. Escolhem os seus cultivos principalmente em função do potencial de mercado e da tradição de plantio. Demonstram interesse no plantio de espécies arbóreas, priorizando as frutíferas, escolhendo-as em função de ofertar alimentos para as suas famílias e para os animais silvestres, de poder contribuir para o aumento da renda familiar, entre outros motivos. Os locais preferidos para o plantio são as proximidades de suas casas e ao longo das cercas ou limitações das unidades de produção, visando ao bem-estar pessoal e da família, delimitação e/ou aproveitamento de área, além dos aspectos referentes à ambiência e ao clima. Os entrevistados utilizam ou utilizaram pelo menos uma prática agroecológica, como aplicação de defensivos alternativos para o controle de pragas, adubação verde, plantio de Diodiasaponariifolia para o controle de plantas competidoras, roçada e cobertura morta, rotação de culturas e aplicação de biofertilizante líquido, representando potencialidades à retomada de princípios agroecológicos. Apenas dois entrevistados vendem parte da produção para Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), embora oito produtores possuam a Declaração de Aptidão ao PRONAF (DAP), constituindo uma limitação à diversificação de cultivos. A maior dificuldade para a participação no programa é a falta de informações por parte dos agricultores. Todos vendem para atravessadores, mas seis também realizam ou realizaram venda direta a consumidores e cinco têm interesse na ampliação desta forma de comercialização, tendo como as principais dificuldades a quantidade reduzida de produtos agrícolas absorvida pelo mercado local e pela falta de disponibilidade de transporte. Dos dez, oito agricultores têm problemas com excesso chuvas no verão, o que restringe o plantio de olerícolas e grãos por, aproximadamente, seis meses.

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Publicado

2020-08-16

Edição

Seção

CBA - Construção do Conhecimento Agroecológico e Dinâmicas Comunitárias