POR UMA AGROECOLOGIA ANTIRRACISTA
Palavras-chave:
Mulheres Negras, Racismo, InterseccionalidadeResumo
A ruralidade na América Latina é constituída majoritariamente de uma população indígena e/ou afro-indígena, no Brasil (o país com maior população negra fora da África) essa mistura de saberes torna-se ainda mais presente. Assim, estudar esse contexto com base nas referências eurocêntricas não explicita as desigualdades que impactam sobre as mulheres rurais afro-indígenas. Concentrando-me no caso brasileiro, a escravidão centrada na desumanização e a espoliação de qualquer direito, somado ao genocídio das comunidades indígenas, leva a construção de um rural marcado por ausências de perspectivas positivas e recheado de simbologias depreciativas (atraso, pobreza, fracasso, ignorância). A agroecologia, unida ao feminismo, traz em si um discurso antissistêmico, mas negligente com as mulheres brasileiras rurais não-brancas por não incorporar em suas estratégias uma real e clara prática antirracista. Esse artigo tem como objetivo discutir o impacto do racismo na vida das mulheres rurais e estimular o surgimento de uma agroecologia, feminista e antirracista.