Contribuições das interseccionalidades e da agroecologia para uma vigilância popular e participativa de base territorial: experiência do curso de inverno ENSP-FIOCRUZ 2022
the experience of the ENSP-FIOCRUZ 2022 winter course.
Palavras-chave:
feminismos, cuidado, agroecologia, saúde coletiva, vigilância popular em saúde.Resumo
A presente sistematização explicita o processo educativo realizado em julho de 2022, intitulado “curso de inverno”, realizado pelo Programa de Pós-graduação em Saúde Pública, da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca - ENSP/Fiocruz. Essa experiência ocorreu em julho de 2022 durante uma semana com atividades manhã e tarde de segunda à sexta-feira, com carga horária total de 45 horas/aula na qual abordamos temas como: feminismos decoloniais, interseccionalidades, cuidado, agroecologia e saúde coletiva, na perspectiva da geração de contribuições para pensarmos uma proposta participativa e popular de vigilância em saúde de base territorial. A metodologia utilizada foi dialógica, baseada em aulas expositivas dialogadas e rodas de conversas. Para abordar esses temas, ampliamos nossos conhecimentos sobre feminismos, decolonialismo e cuidado em saúde. Articulamos esses conhecimentos teóricos com o conhecimento de diferentes experiências que foram relatadas ao longo do curso. Participaram estudantes da pós-graduação em saúde pública da ENSP, membras de organizações sociais do Rio de Janeiro e professoras convidadas. Como resultados apontamos os aprendizados coletivos sobre as múltiplas formas como as mulheres do campo e das cidades agenciam resistências baseadas na agroecologia e na promoção da saúde coletiva, como mecanismo de enfrentamento dos impactos do uso dos agrotóxicos, do racismo, machismo, dentre outras violências vivenciadas tanto em contextos rurais quanto urbanos. Como contribuições desse curso, apontamos a importância da visibilização e valorização das agências e experiencias das múltiplas mulheres na defesa da vida, engajadas na resistência e resiliência contra opressões conjugadas, sejam elas de classe, gênero ou raça, em meio a processos de conflitos e injustiças socioambentais e degradação de suas condições de saúde. Por meio do diálogo de saberes, tecemos aproximações e reflexões comuns com as várias experiências apresentadas, e construímos entendimentos coletivos mais complexos sobre os processos de promoção da saúde e sua relação com as interseccionalidades e agroecologia, contribuindo assim, para a elaboração de proposições acerca da construção e fortalecimento de perspectivas e redes vigilância popular e participativa de base territorial. Por fim, essa experiência foi importante para o fortalecimento das ações realizadas pela ENSP no âmbito da interface saúde e agroecologia.