Aprendendo com os agricultores da Rede Sabor e Saúde da Serra (MG): o caminho e as pedras da transição agroecológica

Abstract

Este trabalho é baseado na experiência da “Rede Sabor e Saúde da Serra”, coletivo que reúne produtores agroecológicos e em transição agroecológica da região de Muriaé (MG). O autor atuou como bolsista extensionista durante sete meses, fornecendo assistência técnica para 14 famílias. Inicialmente, foi proposta uma abordagem de trabalho baseada na substituição de insumos. Contudo, esta proposta foi imediatamente recusada pelos agricultores. Nosso trabalho busca compreender as causas dessa resistência. Primeiramente, apontamos as lacunas técnicas entre as práticas da revolução verde e as práticas agroecológicas, consequência da falta de investimentos em pesquisa e décadas de ostracismo. Em segundo lugar, registramos a diferença entre a abordagem de trabalho empírica e intuitiva dos produtores mais avançados na transição agroecológica e o pensamento técnico e produtivista dos demais produtores. Nossa experiência em campo aponta que a superação dos desafios encontrados exigirá muito mais do que assistência técnica agroecológica. É preciso a implementação de um projeto político e social agroecológico. Afinal, não são apenas os agricultores familiares que precisam avançar na transição agroecológica, e sim toda uma sociedade e uma cultura.