Agrotóxicos, sementes crioulas e soberania alimentar: uma reflexão sobre sua relação com os agricultores de Castro Alves/BA
Palabras clave:
Agricultura familiar; Sustentabilidade; Sementes oriundas, Comunidade RuralResumen
A conservação e manutenção das sementes crioulas são fundamentais para a segurança e soberania alimentar dos povos. As mesmas são cultivadas ao longo das gerações, passando de pai para filho e através de processos de seleção massal são adaptadas as condições edafoclimáticas de cada região. Esse modo de vida vem sendo ameaçado, principalmente em função do avanço dos monocultivos e a partir da desvalorização dos pequenos agricultores. O mercado das sementes híbridas e transgênicas vem se expandindo entre pequenos agricultores causando uma dependência anual por aquisição de sementes e em paralelo, os agricultores familiares estão perdendo o seu patrimônio genético que são as sementes crioulas. Essa erosão genética tem causado grandes perdas do patrimônio genético social e cultura. A partir deste contexto este trabalho objetivou realizar encontros com os moradores residentes nas comunidades Viração, Riacho da Légua e Cova da Negra pertencente ao município de Castro Alves, BA, para que desse modo fosse possível diagnosticar como se encontra o modo de produção desses agricultores e como são adquiridas essas sementes. Além disso, com intuito de expandir a relevância das sementes crioulas para a zona urbana o referente assunto também foi discutido no colégio Dr. Reinaldo Barreto Rosa,situado no distrito de Petim localizado em Castro Alves/BA. Tal atividade foi desempenhada com os estudantes do 7º ano (matutino) e 9º ano (vespertino), no qual foram distribuídos dois questionários referentes aos assuntos mencionados acima para que os mesmos aplicassem na localidade com o intuito de conhecer a origem das sementes bem como se os agricultores das comunidades utilizam agrotóxicos nas plantações. A partir do dialogo realizado com os moradores das distintas comunidades inclusive com os estudantes, percebeu-se que a maioria desconhecia o termo “sementes crioulas e segurança alimentar”, mas a partir da socialização eles passaram a entender e a reconhecer algumas práticas já utilizadas por eles e pelos vizinhos. Apesar disso foi possível identificar que alguns agricultores guardam sementes após a colheita e conservam por muito tempo. Desse modo construindo sem ter a consciência um banco de sementes crioulas, se tornando um guardião do patrimônio genético local. Outra informação pertinente diagnostica foram com relação a produção de hortaliças nos quintais que são utilizadas na alimentação diária, sendo que alguns deles utilizam agrotóxicos e adubo químico para a sua produção. A partir das conversas realizadas com os moradores das distintas comunidades e da análise dos questionários foi possível concluir que a maioria dos agricultores familiares do município de Castro Alves não realiza praticas agroecológicas. Além disso, não foram constatados relatos de troca de sementes entre os agricultores, necessitando, portanto, de intervenções para explanação da importância da manutenção desse patrimônio genético que são as sementes crioulas, para que desse modo os agricultores não se tornem dependentes das empresas que comercializam sementes.