Estudo etnoedafológico com mulheres do quilombo Campo Grande (MG): percepções sobre o cuidado da terra e práticas agroecológicas

Autores/as

  • Helena Lelli Riga Universidade Federal de São Carlos
  • Ricardo Serra Borsatto Universidade Federal de São Carlos

Palabras clave:

mulheres rurais, percepções, cuidado, manejo do solo, conservação

Resumen

Tendo em vista as problemáticas que envolvem a degradação dos solos, a pesquisa trata-se de um estudo etnoedafológico sobre as percepções das mulheres do assentamento Quilombo Campo Grande (MG) no que se refere ao cuidado com a terra. O principal objetivo deste trabalho consiste em desenvolver reflexões sobre como em um cotidiano de incertezas e transformações as mulheres rurais recriam práticas sociais que viabilizam o seu ser-no-mundo e seu ser-com-outros a partir do cuidado da terra, buscando também agregar referencial teórico para o desenvolvimento de estudos que abordam a conservação dos solos a partir de contextos sociais, culturais, étnicos e econômicos locais. A coleta e análise de dados foi dividida em: (1) revisão bibliográfica; (2) entrevistas semiestruturadas com 4 mulheres assentadas no Quilombo Campo Grande; (3) observação participante; (4) triangulação dos dados coletados; (5) sistematização de técnicas de manejos que correspondem a práticas de cuidado da terra. Desse modo, a pesquisa pretende colaborar com estudos que considerem o cuidado da terra e a agroecologia como caminhos para um desenvolvimento alternativo ao que o sistema agroalimentar hegemônico propõe. Os resultados obtidos sugerem que o cuidado da terra simboliza, para além de um manejo sustentável, um ato de resistência, de emancipação e de mudanças sociais consistentes no que diz respeito à conservação da natureza e à soberania alimentar. Assim, do ponto de vista político, para além do ontológico, o trabalho traz o cuidado como uma prática social e discute a necessidade da socialização/desfeminilização do cuidado da terra como um dos caminhos para a construção social da agroecologia em nossos territórios.

Publicado

2024-11-27